quarta-feira, 5 de agosto de 2009

TAMBORES DISTANTES

E então gritávamos

Canções líricas

Poemas épicos

E recitávamos versos

Do Rei Davi

(“beija-me com o beijo

da tua boca

pois mais embriagadores

do que o vinho

são teus amores”)

Mas tudo isso já era

Pois isso tudo

Era por demais conhecido

Aconteceu noutra era

Era quando ouvíamos

O rugido enlouquecido

Das então muito elétricas

Harpas de Hendrix

Arrepiando frementes

Nosso cabelo comprido

E agora

Qual Fênix urgente

Portando garra mortal

Retorna again and again

Nada de Novo cavalgando

No dorso virtual

Nos transformando em reféns

Enclausurados na casca

Do ovo da serpente

E então quando

Alguém me chamou

De saudosista

E quando você me lembrou

Que deixei alguma pista

Dos meus tempos de trotzquista

Ocorreu-me estar

Sempre e cada vez mais

E outra vez

De novo sob o sol

Beijando o beijo

De tua boca

Bebendo o vinho

Dos teus amores

E dançando ao som

De distantes tambores

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