quarta-feira, 12 de agosto de 2009

RIO TAQUARI




(para minha mãe e meus tios maternos)



Rio Taquari das Antas


Que estranho e remoto destino


Corre em teu leito desfeito


Por venenos


E meus banhos de menino



Rio Taquari


Serpente silenciosa e líquida


Descendo a Serra dos Aparados


Indiferente ao progresso


De Lajeado e Estrela


Onde já foste selvagem e bruto


Ainda teimas com tuas barrancas


Abrigando galhos e sementes


E velhos troncos errantes



Ah, antigo e doce Taquari das Antas


Por Muçum e Encantado


Passando vagaroso por Roca


E o Passo do Corvo


Nada devolverá a fúria decidida


Das tuas súbitas enchentes


Nem a limpidez revolta


De certas correntezas de verão



Rio Taquari


Que nasces e morres mil vezes


Na memória dos velhos colonos


Cantar-te-ei uma vez mais


Antes que chegue a noite distante


Em que só restará de ti


A areia fina de teu fundo


Refletindo o eterno brilho das estrelas

Foto: o rio, entre Muçum e Encantado




Um comentário:

  1. Que beleza de poema! Sonoro, límpido como a memória que flui, luminosa. Estou gostando de ver: grande blog, cheio de poemas, cronicas, memórias. Chegou chegando, mandando ver! Dale que dale dale!

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