Fiz algumas viagens de trem, inesquecíveis. A primeira delas foi no verão de 53, nas férias escolares, quando conheci Porto Alegre pela primeira vez. Eu tinha passado no exame de admissão, que era uma espécie de vestibular para o ginásio, quando ainda faltava um ano para completar o primário, ou seja, ao final do quarto ano primário, entrei direto no curso ginasial do Colégio Santo Antonio em Garibaldi, feito que encheu de orgulho meu pai e inchou meu ego a mais não poder.
Como incentivo ao meu esforço e também para poder custear meus estudos, meu pai decidiu pleitear uma bolsa na Secretaria de Educação da Capital. Saímos de tarde, no "Passageiro", como chamávamos o trem que fazia a linha Porto Alegre-Caxias do Sul.
Nos primeiros 60 quilômetros o comboio desceu gemendo entre os cortes dos morros, chiando os freios nos declives.
Quando terminou a serra e de repente chegamos na planície, já quase em Montenegro, a paisagem vai ficando suave e a máquina acelera pelo vale plano do rio Caí. Vem então muitas pontes metálicas, com suas treliças quadriculadas cortando velozes minha retina, como um rolo de filme rodando no projetor.
A partir de São Leopoldo, já noite alta, um mar de luzes cada vez maior e mais intenso seguia junto com a ferrovia. O trem, a toda máquina, acompanhava a estrada asfaltada - novidade para mim - coalhada de automóveis, caminhões e ônibus, e já não parava mais nas pequenas estações desativadas. Éramos apenas alguns passageiros no nosso vagão nos derradeiros quilômetros antes de chegar na parada final.
E foi um pouco antes de chegar na estação de Navegantes que eu tive uma das mais belas visões noturnas do final da minha infância. O Grande Pássaro Metálico pousado no hangar iluminado do Aeroporto Salgado Filho: um gordo, imenso e magnífico DC-3, manobrando lentamente pela pista iluminada na noite intensa daquele iesquecível verão de 1953, se despedindo dos meus doze anos.
Como incentivo ao meu esforço e também para poder custear meus estudos, meu pai decidiu pleitear uma bolsa na Secretaria de Educação da Capital. Saímos de tarde, no "Passageiro", como chamávamos o trem que fazia a linha Porto Alegre-Caxias do Sul.
Nos primeiros 60 quilômetros o comboio desceu gemendo entre os cortes dos morros, chiando os freios nos declives.
Quando terminou a serra e de repente chegamos na planície, já quase em Montenegro, a paisagem vai ficando suave e a máquina acelera pelo vale plano do rio Caí. Vem então muitas pontes metálicas, com suas treliças quadriculadas cortando velozes minha retina, como um rolo de filme rodando no projetor.
A partir de São Leopoldo, já noite alta, um mar de luzes cada vez maior e mais intenso seguia junto com a ferrovia. O trem, a toda máquina, acompanhava a estrada asfaltada - novidade para mim - coalhada de automóveis, caminhões e ônibus, e já não parava mais nas pequenas estações desativadas. Éramos apenas alguns passageiros no nosso vagão nos derradeiros quilômetros antes de chegar na parada final.
E foi um pouco antes de chegar na estação de Navegantes que eu tive uma das mais belas visões noturnas do final da minha infância. O Grande Pássaro Metálico pousado no hangar iluminado do Aeroporto Salgado Filho: um gordo, imenso e magnífico DC-3, manobrando lentamente pela pista iluminada na noite intensa daquele iesquecível verão de 1953, se despedindo dos meus doze anos.
Ah, que maravilha. Memória e poesia. Um filme inesquecível numa narrativa curta, mas intensa. Que viagem, não apenas a tua nesse adeus aos 11 anos, mas a nossa agora, na leitura. Mas bá.
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