sábado, 21 de janeiro de 2012

DE PRIMAS E TRADUÇÕES



Minha prima Altiva Bergamaschi, infelizmente já falecida ("Altiva" deve ser lido em voz alta com o sotaque da Serra Gaúcha dos anos 60, senão perde a graça e o espírito da coisa), profunda conhecedora de Ovídio, Virgílio e Homero, que ela lia em italiano - me dizia sempre que não se deve duvidar nunca dos tradutores e sim das traduções.
Desfazia ela, numa tacada só, a tremenda injustiça que se disfarçava no mote "Tradutori, traditori".
Sempre que leio algo traduzido, como por exemplo a Profecia Maia, lembro das sábias palavras da saudosa prima Altiva, mulher simples, culta para os padrões locais e que justificava plenamente o elegante prenome.
Mas o assunto não é propriamente minha prima mas a profecia, que de forma avassaladora vem obsessionando as mentes desavisadas. E repito desavisadas porque se trata de algo obviamente traduzido de uma tradução de uma tradução feita em cima do original maia. Que raríssimos conhecem devidamente.
Alguém ai já ouviu falar na sintaxe ou na gramática dos caracteres maias? Eu também não. Pois aí é que mora o perigo. Como comprovar a fidelidade de uma tradução, se quase ninguém conhece a língua original?
Já se comprovaram erros graves de tradução de grego, latim e hebraico, línguas muito estudadas e com muitos especialistas.
Vou citar apenas um exemplo. A célebre frase "fim dos tempos"(daí fim do mundo) também pode ser traduzida como "fim das eras" ou "fim de uma época".
E por que estou escrevendo tudo isso? Sinceramente, não sei. Também não sei se estamos no limiar de uma nova era ou de um grande fiasco. De uma imensa tragédia ou de mais uma enganação histórica. O certo é que estamos a mercê de mais uma tradução. Ái de vós, traduções, se minha prima Altiva estivesse viva.

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